quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O modelo de sílaba na fonologia não-linear


O status de sílaba nas representações fonológicas já havia sido observado por autores de tendência estruturalista (Kurylowicz, augen, Pike e Fudge). A proposta de formalização da fonologia gerativa padrão foi apresentada por Kahn. Nesta proposta,o nódulo que representa a sílaba domina imediatamente seus constituintes, que são segmentos. Apesar da simplicidade de seu modelo, Kahn demonstra que várias generalizações podem ser expressas por incorporar a sílaba às representações fonológicas. As generalizações são decorrentes das referências dos contextos de aplicações de regras em termos de limites silábicos, ao contrário de expressar ambientes de aplicação de regras em termos de segmentos.
Clements & Keyser apresentam uma proposta teórica que designa um status fonológico à sílaba. Para estes autores, a relação entre a sílaba e os segmentos deve sere mediada por um nível CV. Portanto, há três níveis de representação para esta proposta: o segmental, o CV e o nível da sílaba(δ). Nesta proposta, os traços distintivos [consonantal] e [silábico] são excluídos da representação segmental, devido à presença das categorias C (para consoantes) e V (para vogais). Os elementos C e V formam unidades temporais, que possuem um status teórico semelhante a C e V em perspectivas estruturalistas, uma vez que permite categorizar sílabas em termos de suas sequencias segmentais (por exemplo, podemos nos referir a sílabas do tipo CV ou CVC). Clements & Keyser arguementam contra a concessão de subcategorias à estrutura silábica (como Onset ou Rima). Propostas teóricas anteriores sugerem os constituintes silábicos O (para Onset) e R (para Rima).
Os referidos autores apresentam uma discussão extremamente interessante para a motivação de um nível para a sílaba nas representações fonológicas. Tal modelo tem por objetivo discutir a motivação para formas subjacentes com argumentos mais sólidos do que aqueles propostos pelos modelos que o antecederam. O modelo CV tem como objetivos principais especificar as expressões bem formadas pela teroria; especificar os parâmetros em que línguas individuais variam em termos de escolha de seus inventários silábicos; e por fim, caracterizar a classe de regras particulares de uma língua que modifiquem as representações subjacentes ds sílabas (regras de silabificação) e definir como tais regras interagem com a organização geral do componente fonológico. Este modelo busca discutir a relação entre processos fonológicos e a estrutura silábica, e também busca a definir uma tipologia para os inventários silábicos das línguas naturais.
Assume-se, portanto, que sílabas do tipo CCVCC; CVC e CV são bem formadas para o português. A discussão teórica iniciada por Clements & Keyser iintroduz conceitos e formalismos que posteriormente serão abordados em perspectivas alternativas de outros modelos (como, por exemplo, o status de sílabas leves e pesadas, e a noção de extrassilabicidade). Por sua aplicabilidade à análises do português, o modelo CV é geralmente utilizado por fonólogos para caracterizar a estrutura silábica.

A fonologia gerativa padrão


     A proposta de análise gerativa à fonologia, em princípio baseou-se na proposta de Chomsky e Halle  (1968), logo após alguns livros didáticos e teóricos guiaram os estudiosos em relação ao estudo da fonologia gerativa padrão que se propôs a formalizar as oposições e distribuições existentes nos sistemas sonoros de maneira a expressar as generalizações atestadas empiricamente.
   A fonologia gerativa padrão acredita que os processos fonológicos expressam alternâncias segmentais e são formalizados por regras fonológicas; regras essas que geram novas estruturas por meio de transformações.
   Para compreender a formalização das regras fonológicas, primeiramente deve-se identificar e classificar os traços distintivos presentes na representação segmental.
   O processo fonológico de labialização de consoantes antes de vogais arredondadas podem ser formalizado de vários modos, sendo a formalização expressa por traços distintivos.
   Um desses modos é a labialização consonantal que acontece quando uma consoante é produzida com arredondamento dos lábios quando estiver precedida de vogal arredondada.
    Outro modo são os traços distintivos que tem a representação segmental entendida como um conjunto de feixe de traços distintivos presentes para cada um dos segmentos da língua.